A fotografia de Sergio Zalis causa um efeito misto, típico do que é sublime: atordoante e maravilhoso. Ao observarmos no papel os detalhes da floresta impressa, sentimos como é incrível a verossimilhança entre a vida e a vegetação inventada pelo artista. Podemos até ter a sensação repentina de que há uma vitalidade maior nestas obras do que na floresta real, o que deriva em larga medida do processo de criação no qual o artista trabalhou pela autonomia de cada centímetro de suas fotografias. Cada pequena parte tem vida própria, sem hierarquia de valor entre uma ou outra partícula. Ao mesmo tempo, cada uma delas nos convida a mergulhar na obra como um todo.





Em Floresta de bolso, Zalis atua também como um intermediador para que possamos imergir num mundo frequentado por ele desde 1994, o Scheveningse Bosjes, bosque holandês do século XIX. Localizado em plena área urbana de Haia, nos Países Baixos, em uma área original de dunas, ele funciona como uma ilha de natureza, com um desenho paisagístico orgânico, sem grades, nem ruas rigorosamente arquitetadas. Ao longo dessas três décadas de dedicação quase meditativa ao seu jardim, Zalis estabeleceu um laço íntimo que o mantém conectado ao jardim, mesmo quando se afasta por um tempo.





Para conjugar o belo, o sublime, a harmonia e o vigoroso, o artista usa a técnica de focus stacking. Trata-se de uma sequência de capturas de uma mesma cena, a partir de distintos enfoques ópticos. A cada clique, o foco é destinado a uma parte da cena. Posteriormente, o artista une os registros em uma única imagem, obtendo um resultado admiravelmente rico e exuberante. Sobretudo, indo além do que os olhos são capazes de ver. Definitivamente, trata-se da sua floresta. Longe do documental ou do científico, Sergio Zalis desorienta o espectador para reinventar a experiência com o mundo verde que se esconde entre asfaltos.