O novo trabalho de Isabel Becker é uma pesquisa sobre luz e sombra – as tintas do fotógrafo – que encontra novo tema de expressão no estudo do controle da insolação e seus artifícios para criar ambientes confortáveis em termos térmicos, de privacidade e de iluminação.
O momento do registro deixa de ser a luz difusa do poente ou nascente com que iluminava seus objetos de retrato. Ela agora encontra na paleta da luz dura, o ângulo perfeito de incisão solar para fotografar a sombra desejada sobre ou através de brise-soleils e cobogós. O desenho dentro do desenho da obra monumental criada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa nas construções modernistas de Brasília, sob a imensidão luminosa de 360° do planalto. O tempo também é outro, não é o equilíbrio de luz e sombra que interessa, mas seu contraste e antagonismo marcantes.
Capturados em um instante preciso e fugaz, os fragmentos arquitetônicos que protagonizam o trabalho de Isabel Becker, foram mapeados com a contribuição da arquiteta candanga Graziella Pires.
Os brise-soleils de Le Corbusier, e os cobogós, criação multicultural do português Coimbra, do alemão Boeckmann e do brasileiro Góis, resultam no grafismo chiaroscuro que Isabel capta com sensibilidade e apuro técnico para compor mosaicos com inspiração nos azulejos de Athos Bulcão, decompondo e recompondo a realidade em imagens geométricas, com planos fantásticos e profundidade hipnótica.
