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A PROVA DOS NOVE

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Christiane Laclau

Fundadora da Artmotiv

Quando as calculadoras ainda não eram populares, havia um truque para verificar o resultado dos cálculos: a prova dos noves. Ao aplicar o “noves fora, nada”, o resultado deveria bater com o anterior. Caso contrário, havia algum erro na conta. Ou seja, o método procurava por certeza e exatidão. Nada mais avesso à obra de André Sheik: polissêmica e enigmática, é feita de quase 200 ábacos que convidam o visitante a interagir, provocando uma mutabilidade permanente da obra.

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O trabalho que André Sheik vem desenvolvendo não procura apenas atrair ou agradar, mas, sim, instigar, inquietar, estimular a pensar junto. Sua linguagem, que parte do conceitualismo, considera que a arte deve levar a uma reflexão provocadora, para além do efeito visual ou do interativo. A obra está em um assim chamado lugar de passagem, mas, se quisermos lê-la, não devemos passar pelo local de qualquer jeito. “A Prova dos Nove” interfere no corpo do espectador, requerido a passar com mais atenção, menos pressa, desacelerando. Após a camada visual, há uma segunda, cujo convite é feito pelo texto. O visitante precisa ir e voltar, deslocar-se no espaço, enquanto traça caminhos para construir sua leitura.

O ábaco é um objeto produzido em série e, ao mesmo tempo, conserva um ar de artesanato. Assim, a obra conjuga o tempo único do trabalho humano com a monumentalidade das escalas industriais. São camadas que se acumulam. Há um aspecto lúdico, de jogo, com as cores alegres que evocam brincadeira, o qual convive com a dureza do cálculo, da correção, da função original bem definida do objeto.

Poeta, músico, compositor e curador da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Sheik é um artista versátil. Algumas de suas canções, como “Tédio” e “Vento Ventania”, são reconhecidas no país inteiro, há mais de três décadas. Suas videoartes são consideradas, por grandes curadores e pesquisadores, como de primeiríssimo valor. Esse atravessamento de vertentes e modos de fazer de André Sheik se materializa, aqui, em uma obra de contornos inesperados e que aproxima, convida e oferece espaço para o outro criar junto.

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