Amarelo, rosa, vermelho, verde, azul… Do que são feitas? Transparências concretas reúne, à primeira vista, vinte e uma cores que são apresentadas em treze esculturas retangulares de acrílico. No entanto, Joey Seiler nos propõe uma fruição incomum das relações cromáticas, a partir das suas propriedades físicas. Experimentando limites e diálogos entre uma e outra placa, o artista se vale da fenomenologia e explora a condição de cada tom no instante imediato, produzindo a multiplicação das cores em dezenas.

O conjunto é explorável tanto pela movimentação do espectador quanto pela mudança da luz ao longo do dia. Os acrílicos combinam-se entre si e com o espaço ao redor, projetando-se pela parede, jogando com a luz. Camadas nascem entre os tons e surgem sombras nas superfícies, expandindo a tridimensionalidade. O efeito é resultado da pesquisa do artista para construir uma paleta sem usar as cores diretamente, mas formando-as pela combinação de outras.


Ao estudar artes na Universidade de San Diego, Seiler se aproximou do legado do movimento Light and Space, surgido na Califórnia na década de 1960. James Turrell, Robert Irwin, Doug Wheeler e outros buscavam a imersão do espectador em uma experiência sensorial por meio da manipulação da percepção, tendo a luz e o espaço como ferramentas e usando materiais industrializados, como acrílico, resina e fibra de vidro. Nessa instalação, Seiler dialoga ainda com as linhas duras do concretismo e com o neoconcretismo, ao fazer do público um co-criador da obra.




Com exposições no Rio de Janeiro, na Califórnia, em Londres e em São Paulo, e integrando o acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Joey Seiler, sobretudo, atualiza o abstracionismo na arte contemporânea. Transparências concretas é sua obra de maiores proporções. O espaço expandido e alargado, que estica as cores, convida a nos confundirmos com a obra.