EXPOSIÇÃO:

ARTE PLÁSTICA

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Foto de Christiane Laclau

Christiane Laclau

Fundadora da Artmotiv

Dificilmente terminamos de fazer compras sem levar conosco, ao menos, uma sacola plástica. No entanto, não nos perguntamos sobre qual será o seu destino após o fim do ciclo de uso. Para onde vão quando já não servem mais a ninguém? Há doze anos, o momento de colocar os pés no mar se transformou para Zilah Garcia, quando uma sacola a alcançou, revelando uma mensagem como faziam uma daquelas míticas garrafas que viajam boiando pelas águas. Desde então, a artista interveio no destino: recolhe sacolas por onde passa. Elas ganham uma vida nova, tornando-se material para a criação de sua obra.

De um lado, Arte Plástica é resultado de um trabalho artístico que se apropria do cotidiano e da vida. De outro, é uma obra como faziam os antigos artistas, antes da industrialização do mundo, quando cada um precisava, antes de tudo, fabricar o seu próprio material. Portanto, essa grande instalação começou quando a artista recolheu cada uma das sacolas, para depois cortá-las minuciosamente e trançá-las. Aos poucos, já não é mais possível reconhecer as sacolas e o resultado que surge remonta à aquarela e ao afresco, técnicas que Zilah estudou durante anos na Itália e no Brasil.

As cores desse imenso mural trançado por mãos humanas sugerem um mapa, uma topografia e até, talvez, um mapeamento climático, com áreas mais frias e mais quentes. Mas, também, podem ser as águas que se rebelaram por fazermos delas um mar de sacolas plásticas. Zilah Garcia cria uma obra de arte têxtil a partir do que ignoramos na paisagem, todos os dias, apesar de ser tão devastador. O trançar das sacolas é também o trançar de nós mesmos, uns aos outros, à água, à terra e, infelizmente, ao plástico, se assim continuarmos – ou podemos reinventar e reciclar os nossos gestos eolhares.

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