Em nosso tempo dominado pela cultura digital, Lin Lima, formado em pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é eventualmente questionado sobre qual software utiliza para “programar” os desenhos que cria.
O artista encontrou, na repetição contínua do traço feito à mão, a resposta para a expressão de um universo imagético que nasce do exercício de um desenho recorrente, tal qual um mantra, que se entremeia através de linhas e manchas de cor, dando relevo e profundidade a um trabalho de grande impacto plástico, emocional e poético. A tinta acrílica é aplicada com precisão em curvas que se diferem pelo seu diâmetro e manifestam imagens orgânicas, tridimensionais e diáfanas, que sugerem escamas, tecidos vegetais, teias, casulos ou até espuma de sabão.
O que poderia resultar monótono pela reincidência de um padrão, abre campo para a materialização do imponderável, levando a uma experiência de transcendência tão utilizada pelos processos religiosos que se valem da repetição para modificar os estados da alma, imprimindo a marca de seu talento em fantásticas e oníricas nebulosas de linhas e cores.
Quem está no comando das ações? O artista soberano que determina a linha ou a linha autônoma que flui guiando o artista? Lin Lima realiza a solução dessa dicotomia em uma obra mural de aspecto fractal, com vida própria.
A indiferença aqui não é uma possibilidade!
