A pesquisa atual de Antônio Bokel tem foco na geometria e em sua desconstrução. A temática são as questões de oposição das formas e das contraformas, da presença dos elementos e de sua ausência. O que é o vazio, o que é o preenchimento? A partir de 2014, a rua e suas surpresas, os vestígios de civilização nos muros e as cicatrizes das paredes despertaram no artista a consciência da geometria presente na arquitetura da cidade. Em consequência da observação dedicada a essa arquitetura, a geometria torna-se objeto de interesse e o pensamento geométrico, mais racional, volta-se para a escultura como escolha.
O transporte do raciocínio escultural para a pintura e a criação de um diálogo entre as duas linguagens configuram um novo desafio para suas composições. Dos contrastes entre a expressão e a geometria racional, entre o orgânico e a matemática dura dos polígonos, Bokel extrai a importância do que está ausente, e a falta encontra um lugar natural de protagonismo em seu trabalho.
O artista, habituado a incorporar a casualidade ao seu processo criativo, percebe que a presença sutil do vazio incorpora um novo ângulo de percepção, no qual a imaginação do espectador se torna um complemento contributivo à obra.
À bidimensionalidade e à tridimensionalidade do trabalho de Antônio Bokel, soma-se uma quarta dimensão oferecida ao olhar. Diante das formas puras de um conjunto pictórico que opõe dramaticamente pigmentos fortes e suaves, formas chapadas e projetadas, o observador mescla-se à criação em uma experiência extraordinária.
