“Figural” surge do interesse de Bernardo Magina por criar imagens que desafiem nossa percepção, que provoquem quem tente defini-las. Não são nitidamente figurativas, nem totalmente abstratas, propondo um espaço de liberdade e de sonhos. Nossos olhos oscilam entre estranhamento e reconhecimento, em uma flutuação constante. A combinação é rara: a obra reúne algo de onírico, de desvairado e de certo acalanto.
Seu trato com as linhas, suas ondulações e cruzamentos nos conduzem, como numa dança, de um elemento ao outro da pintura. O ar é movimentado por um ritmo vivo e familiar que, ao mesmo tempo, nos escapa. Suas escolhas de formas e de cores são estratégias para capturar a visão e estimular o imaginário de cada um a encontrar uma sensação própria diante da pintura. É um convite para adentrarmos em sua paisagem.
Hoje, o pintor é um dos maiores coloristas do país e um dos professores mais requisitados da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi assistente dos mestres Orlando Mollica e José Maria Dias Cruz. Aprendeu a experimentar a tela sem pressa por uma conclusão, vivenciando um tempo de não saber. Sua formação também é marcada pelo encontro com a arte muralista latino-americana, em viagens a Bogotá e Medelín, que pode ser vista em grandes pinturas de Magina, em ruas, túneis, pistas de skate… Nelas, encontramos algo da rua e dos movimentos pela cidade, que jogam com a nossa percepção. Paisagens que não são as reais, mas também nem são irreais. Paisagens possíveis. Nossas paisagens.
