Não há transgressão mais significativa do que a que subverte a lei maior: a força da gravidade (que se impõe a tudo o que existe no cosmos). É ela que determina o peso dos elementos orgânicos e inorgânicos na superfície do planeta e mantém o que existe preso ao solo.
Thainan Castro assume a postura de um observador no limite do fôlego para nos apresentar a imagem de corpos que voam, flutuam, pairam poeticamente no oceano do inconsciente coletivo. Braços e pernas que ferem a densidade líquida para sustentar as cabeças fora d’água, no ar.
Um acidente no slackline, há 10 anos, a perda de equilíbrio numa corda-bamba, tendo a paralisia corporal como consequência, representa uma estação trágica na Jornada do Herói do artista, que encontra, no processo fisioterapêutico de recuperação, a redenção do corpo e a inspiração para a temática de sua obra.
Segundo a teoria evolutiva do macaco aquático, tornamo-nos bípedes no ambiente de gravidade atenuada, a água. Thainan foi forçado a reaprender os movimentos nas mesmas condições. No processo, readaptou-se à vida e à arte.
Ao retomar a liberdade e suas possibilidades, o artista experimenta a fusão de técnicas e alcança, como resultado, um trabalho que infunde sensações que remetem a uma condição ancestral e que transitam entre a tensão e o relaxamento.
Como se houvesse música a embalar um balé antigravitacional.
