Como um caleidoscópio de sonhos, onde abundam referências afetivas em imágens de personagens, objetos e locais reais e fictícios, a obra hipnotiza o observador com infinitas possibilidades de conexões com suas próprias memórias.
O mosaico composto por incontáveis pinturas individuais recortadas e dispostas em diferentes planos, numa profusão de cores, rostos, coisas e paisagens, captura irresistivelmente o olhar ao propor ligações com lembranças, lugares e situações impressas no inconsciente coletivo.
O resultado propõe um estado contraditório entre a ordem e a desordem, onde a confusão superficial, percebida em primeira e apressada conclusão, culmina numa fusão entre público, criação e criador. Um momento raro de pausa e reflexão. Uma confusão que acalma e refresca. Um “reset” no cotidiano.
Sonhário, título concebido para a obra de Pedro Varela, sintetiza a intenção do artista de compor um “dicionário de sonhos”, um álbum de fragmentos em que ficção e realidade se mesclam como prosa e poesia, razão e emoção. Passado, presente e futuro simultâneos, em lâminas de diferentes universos.
À distância, a coleção de imagens compõe uma mancha que sugere uma abstração, mas, próxima, revela-se num conjunto de paisagens não lineares, emaranhadas em perspectivas múltiplas, que nos arrastam por viagens quase psicodélicas.
Uma experiência que combina percepção alterada e realidade aumentada.
