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FABULOSAS

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Christiane Laclau

Fundadora da Artmotiv


Designer de formação, Andrea Lins especializou-se em ilustração botânica para projetos científicos. Durante anos, desenvolveu a precisão no seu traço e, ao mesmo tempo, uma intimidade particular com as plantas. Com o passar do tempo, o trabalho que exigia lidar com o desenho como documento passou a machucar o seu olhar sensível e criativo – justamente o que motivou a artista a buscar aprimorar-se como ilustradora botânica na Escola Nacional de Botânica Tropical. 

Após iniciar um curso de pintura com Luiz Ernesto na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Andréa passou a integrar um grupo de aquarelistas profissionais liderado pela renomada Dulce Nascimento, participando de exposições no Jardim Botânico e na própria ENBT. Foi quando recordou-se que realizava colagens na infância e na adolescência, antes de sentir-selimitada pela exigente hiper-realidade. Assim, em 2021, passou a estudar esta técnica no curso de Pedro Varela na EAV e, daí em diante, nunca mais parou de trabalhar com colagens, liberando seu imaginário para criar um fantástico e infinito jardim único.

Em “Fabulosas”, a artista nos faz ver a natureza em estado de sonho e movimento. Nunca reconhecemos as imagens de todo, pois elas não funcionam como duplicações da realidade. As imagens de Andrea, embora nos levem a intuir algo do que já conhecemos, sempre trazem certo aspecto não reconhecível e nos jogam para um universo mais elástico, de onde a rigidez foi expulsa. Neste jardim particular, plantas e flores parecem dançar, expandindo-se e contraindo-se. Há flores-vagalumes, flores-insetos estranhos, flores-casal, flores-monstro, flores curiosas, flores que nos questionam, flores intensas e urgentes como também flores que são paisagens orientais, com uma placidez cheia de vida. Entre tantas outras.

Por vezes, as imagens nos fazem lembrar das formas de Hilma af Klint, bem como da dinâmica de Miró ou do artista contemporâneo Jonas Wood. Mas são nas “pinturas com tesoura” de Matisse que Andrea encontra a sua grande referência. A combinação de cores é de uma destreza à parte, engenhosa e delicada. Outras vezes, audaciosas e resplandecentes.

A obra tem movimento, jogo e prazer e parece ser mobilizada por um desejo de libertação. Se estamos diante de fabulosas, estamos também diante de fabuladas. O jardim particular de Andrea Lins nos faz experimentar flores que não existem, mas que nos emocionam, assim como os sons, texturas e cheiros da natureza que tocam a artista e fazem parte do seu processo. Dessa forma, Andréa sai da ciência para adentrar um lado oposto, o sonho. Sua obra pode se tornar, para o espectador, a proposta de uma ponte, um convite paratambém habitar o sonho.

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