O nomadismo faz parte da trajetória de Frida Baranek, que já viveu, estudou e trabalhou em cidades como Rio, São Paulo, Paris, Berlim, Londres e Nova Iorque, tem estúdios no Rio e em Miami e está de mudança para Lisboa. Colocar-se à disposição de culturas diferentes e se expor a elas forçam-na a exercitar a adaptação, em constantes “ritos de passagem”. A curiosidade, a surpresa e o improviso alimentam sua ousadia.
As fronteiras e os limites reconhecidos e ultrapassados na vida estão presentes em sua colmeia dourada de alambrado drapeado e de pedaços de caibros. O prosaico, revestido de nobreza ilusória, provoca uma reflexão sobre as várias dimensões de percepção da existência ao longo do tempo.
As dobras do trabalho são permeadas pelo ar, pelos reflexos e pelo olhar. A superposição de materiais sugere cata-ventos estáticos, que fazem a mente girar. É recomendável entregar-se à exploração da obra com a mesma vulnerabilidade experimentada pela artista nos processos de criação e de realização da obra.
Diante de Liminarida|Exterior, o pensamento é tragado pelos nichos da instalação e transita por um sistema digestivo com múltiplas possibilidades de interpretação. A ideia, a imagem, seu mapa e suas questões expressam, além de fé na imaginação, uma convicção na necessidade da presença da obra. De maneira que se distinga informação de experiência e para que a emoção crie memória.
O deslocamento, assim como a flexibilidade, cada vez mais presentes nos trabalhos de Baranek, derivam da diversidade de materiais disponíveis atualmente para a experimentação e do encantamento da artista com suas possibilidades de uso. Para exprimir seus sentimentos, a artista explora a relação entre os materiais e passa a “vivê-los”, até que os mesmos encontrem sentido na fricção que ela provoca, intuitivamente, entre eles.
A transição entre metal e madeira, planos, texturas, luzes e sombras realçam a tridimensionalidade dramática e poética da obra Liminaridade|Exterior, que se impõe ao espaço com o mesmo sentimento que originou a série, iniciada em 2019, resultado da pesquisa de Baranek sobre o comportamento do peso e da massa em um vôo de gravidade zero.
